Muitos relacionamentos não dão certo, pois as pessoas não compreendem a linguagem do amor do cônjuge/namorado.
Sim. O amor é expressado através de linguagens diferentes.
Quem constatou essa realidade foi Gary Chapman, pastor de fé cristã e autor do Best-seller “As Cinco Linguagens do Amor”, após trinta anos de aconselhamento conjugal.
Segundo ele, assim como existem diversas linguagens no mundo, como português, inglês, espanhol, chinês, dentre outros, no âmbito do amoroso é a mesma coisa.
Nesse post, vamos aprender o que são essas cinco linguagens e como compreendê-las é essencial para qualquer relacionamento.
O que são as cinco Linguagens do Amor?
As linguagens do amor são as diferentes maneiras como as pessoas expressam o amor que sentem por outros e também a forma como se sentem amadas.
No mundo, se quisermos nos comunicar de forma eficiente com alguém que fala outra língua, é preciso aprender a sua linguagem ou então o diálogo será limitado.
No relacionamento, sua linguagem emocional e a do seu cônjuge podem ser tão diferentes, que vocês nunca entenderão como amar o outro.
Seria como se um estivesse falando chinês e o outro português.
E qual é o problema disso?
De acordo com o autor, todos nós temos um “tanque emocional” ou “tanque do amor”, que precisam estar abastecidos (de amor, claro), para que tenhamos um relacionamento saudável (casamento ou namoro).
Quando um dos cônjuges/namorados, ou os dois, está com o tanque emocional vazio, o relacionamento se desgasta.
Assim, a sensação que o casal tem é de que não se amam mais e não possuem o desejo de permanecerem juntos.
Em seu livro, Gary faz uma advertência importante que nos ajuda a compreender essa ideia de que precisamos nos sentir amados:
“Estou convencido de que manter o tanque de amor emocional abastecido é tão importante para o casamento quanto manter o nível correto de óleo num automóvel. Seguir a jornada pelo casamento com um “tanque do amor” vazio pode lhe custar muito mais caro que guiar seu carro sem óleo.”
(As 5 linguagens do amor – Gary Chapman; traduzido por Emirson Justino. – 3 ed. – São Paulo: Mundo Cristão, 2013, p. 22/24).
Antes de adentramos efetivamente nos tipos de linguagens, é importante lembrar que não estamos falando aqui de paixão, estamos falando de amor.
A diferença entre amor e paixão
A paixão, segundo Chapman, é uma experiência que causa euforia.
A pessoa fica obcecada pela outra, não consegue enxergar os defeitos que ela possui, acha que são o casal perfeito e serão felizes para sempre após o casamento.
“Somos levados a acreditar que, se estivermos realmente apaixonados, a empolgação durará para sempre. Sempre teremos os maravilhosos sentimentos que temos neste momento. Nada poderá se colocar entre nós. Nada superará o amor que sentimos um pelo outro.” (p. 28).
Isso parece coisa de novela, né? Mas não é.
Existem pessoas que pensam assim e se frustram quando se encontram no mundo real do casamento.
O amor não é isso!
Nossa necessidade emocional mais básica não é de estarmos apaixonados, mas de sermos amados pelo outro, de forma racional, por meio de uma escolha.
Sim. O amor é uma escolha! Ele requer esforço e disciplina, que nos faz gastar energia para beneficiar a outra pessoa, sabendo que, assim, também estaremos satisfeitos.
Assim, refletimos o amor de Jesus Cristo em nossos relacionamentos, um amor de entrega pelo outro.
Quais são as Cinco Linguagens do Amor?
Após entendermos a importância de abastecermos o nosso tanque do amor, vamos descobrir quais são as linguagens e como podemos descobrir a nossa linguagem primária e a do nosso cônjuge.
Lembrando que, cada pessoa pode ter mais de uma linguagem de amor, mas na maioria das vezes há uma que se destaca.
Outra coisa importante é que, apesar de o foco aqui ser o relacionamento amoroso, as linguagens do amor podem ser aplicadas para todo tipo de relacionamento.
Pais e filhos, amigos, irmãos, e até na relação íntima com Deus (o autor possui uma variedade de livros intitulados “As 5 Linguagens do Amor” que tratam desses relacionamentos específicos).
Então, quais são as cinco linguagens do amor?
1 – Palavras de Afirmação
Uma das maneiras de expressar o amor é por meio de palavras edificantes e muitos casais desconhecem isso.
E a primeira linguagem do amor é denominada “Palavras de afirmação”.
Ou seja, muitas pessoas se sentem amadas ao receber afirmações verbais do seu companheiro, como elogios, palavras encorajadoras, palavras gentis, palavras humildes, dentre outras.
Isso significa que, para essas pessoas, as palavras importam muito (mais do que para outras pessoas que não tem essa linguagem como a principal) e, ao receber palavras afirmativas, elas se sentem mais seguras no relacionamento, mais inspiradas, mais felizes.
Por outro lado, palavras críticas ou ofensivas causam um enorme impacto negativo nessas pessoas.
Então, se seu cônjuge ou namorado possui como linguagem do amor principal as palavras de afirmação, você deve lembrar que palavras são importantes e se esforçar para agradá-lo dessa forma.
Lembrando que não devemos usar da bajulação para obter o que queremos. Mas para o outro se sentir bem e amado.
Porém, como consequência, ao recebermos palavras afirmativas, existe uma motivação a mais para retribuir com algo que agrade o companheiro.
2 – Tempo de Qualidade
A segunda linguagem do amor diz respeito ao tempo que é oferecido àquele que amamos. Tempo de qualidade significa dar atenção completa ao outro.
Não é apenas sentar no sofá e assistir televisão juntos, pois nessa situação o protagonista não é o cônjuge, mas o apresentador do programa ou o ator.
As expressões desse tipo de linguagem são: conversar olhando nos olhos, sair para passear, ir ao restaurante, fazer algo que o outro gosta (mesmo que não seja tão interessante para você).
De acordo com Chapman:
“Um ingrediente fundamental para oferecer tempo de qualidade ao cônjuge consiste em dedicar-lhe atenção focada, especialmente em tempos de tantas distrações.” (p.61).
Importante lembrar que, um dos dialetos dessa linguagem é a “conversa de qualidade”.
Se a linguagem de amor do seu cônjuge/namorado é tempo de qualidade, um diálogo agradável e atencioso é fundamental para sua percepção emocional de ser amado.
Outro dialeto é chamado de “atividades de qualidade”.
O casal deve realizar atividades que sejam de interesse de um ou de ambos, com o simples objetivo de desfrutarem da companhia do outro, oferecendo-lhe atenção plena.
3- Presentes
“O presente é um símbolo visual do amor”, como define Gary.
Algumas pessoas dão mais importância para esse símbolo do que outros.
Para elas, os presentes recebidos ao longo do relacionamento são uma expressão de amor, necessária para encher seu tanque emocional.
Quem possui essa linguagem do amor não se importa com o valor do presente, mas sim com a intenção do outro em lhe agradar.
Dessa forma, o presente pode ser uma flor que achou no meio do caminho de casa, um chocolate comprado na mercearia ao lado do trabalho ou até mesmo um cartão feito à mão, escrito “eu te amo”.
Se a linguagem de amor do seu companheiro é ser presenteado, qualquer coisa que você lhe der será recebida como uma expressão de amor.
Segundo Gary:
“Os presentes não precisam ser caros nem precisam ser ofertados semanalmente. Para algumas pessoas, porém, seu valor não tem nada a ver com dinheiro, mas sim tudo a ver com amor.” (p. 92).
Mas é importante esclarecer que os presentes podem ser dados a qualquer momento, não apenas em ocasiões especiais.
Essas pessoas gostam de ser surpreendidas.
4 – Atos de Serviço
Atos de serviço significa expressar amor ao outro fazendo coisas para ele.
São ações como lavar a louça, tirar a mesa, arrumar a cama, trocar a lâmpada queimada, pagar as contas, dentre outros.
São serviços que exigem do cônjuge tempo, esforço, dedicação e energia, principalmente se essa não é sua principal forma de expressar amor.
Muitas vezes são serviços “aparentemente chatos”, que não queremos realizar, mas que fazem muita diferença na demonstração de amor ao outro.
Uma coisa legal de se observar é que muitos recém-casados descobrem que possuem essa linguagem do amor depois do casamento.
No namoro não existem muitos atos de serviços para serem realizados pelo outro.
Após o casamento existem, e muitos!
Além disso, antes do casamento, somos movidos pela paixão e, por isso, queremos agradar o outro de qualquer forma.
Isso não acontece depois do casamento, como observa o autor:
“[…] Antes do casamento, somos impulsionados pela força obsessiva da paixão. Depois do casamento, voltamos a ser quem éramos antes de nos apaixonarmos. Nossas ações são influenciadas pelo modelo de nossos pais, nossa própria personalidade, nossas percepções do amor, nossas emoções, necessidades e nossos desejos.” (p.107).
Dessa forma, temos que reforçar a ideia de que o amor é uma escolha e não pode ser forçado.
Não podemos apenas criticar o comportamento do outro o tempo todo, com objetivo de forçá-lo a realizar os atos que queremos.
Os atos de serviço devem ser feitos como uma expressão de amor, com dedicação, e não como uma obrigação.
Porém, temos que considerar que o “aprendizado da linguagem de atos de serviço exige que reexaminemos nossos estereótipos dos papéis de marido e esposa” (p.109).
Ou seja, a pessoa que possui essa linguagem do amor deve ter paciência de esperar que o outro mude suas percepções a respeito dos papéis de cada cônjuge, que muitas vezes são entendidos de formas diferentes.
Por outro lado, o cônjuge deve se dispor a examinar e mudar estereótipos, para que a expressão do seu amor seja eficiente.
Aprender essa linguagem do amor pode parecer muito difícil para muitos cônjuges, pois exige esforço e dedicação.
Mas escolher falar essa linguagem produz uma grande diferença no clima emocional de um relacionamento.
5 – Toque Físico
A última linguagem do amor é o toque físico, que é um poderoso veículo para comunicar o amor conjugal.
Por meio do toque, algumas pessoas se sentem mais seguras do amor do seu cônjuge, com o tanque emocional cheio.
Em contrapartida, se manter fisicamente longe significa distanciar-se emocionalmente.
Se você é casado com alguém cuja linguagem primária é o toque físico, deve se esforçar para entender o que agrada o outro e lhe dá prazer.
Não adianta achar que tocar seu cônjuge do jeito que quiser, na hora que quiser, vai manter seu tanque emocional cheio, pois, assim como as demais linguagens, o toque físico possui seus dialetos.
Alguns toques podem ser irritantes e desconfortáveis para o outro. Por isso, a comunicação é essencial (para todos os casos, não somente o toque físico).
E por que focamos no casamento nesse tópico?
Pois, na visão cristã, de acordo com a Bíblia, os toques físicos devem ser limitados durante o namoro, para que o casal desfrute de um namoro santo, que agrade a Deus. (1Ts 4:3)
De qualquer forma, se o seu companheiro tem como linguagem primária o toque físico, algumas coisas como andar de mãos dadas ou dar um abraço são gestos significativos.
Por exemplo, num momento difícil, certamente um abraço será mais importante do que qualquer palavra e comunicará que você se importa.
Ao contrário, a ausência do toque, nesse momento, talvez jamais seja esquecida.
Como descobrir sua linguagem primária do amor
Após ler as cinco linguagens, alguns já saberão qual é a sua e a do seu cônjuge. Outros, porém, poderão ter mais dificuldade.
Primeiramente, você pode tentar responder essas perguntas:
- O que faz vocês se sentir mais amado pelo seu cônjuge?
- O que você deseja acima de qualquer coisa?
- O que seu cônjuge faz ou diz — ou o que deixa de fazer e de dizer — que magoa você profundamente?
Outra maneira de descobrir é se perguntando: “O que mais pedi a meu cônjuge?”
Seja qual for a resposta, é bem possível que ela esteja de acordo com a sua linguagem de amor primária.
Segundo Chapman, “esses pedidos provavelmente foram interpretados por seu cônjuge como crítica. Na verdade, são esforços para assegurar amor emocional da parte dele.” (p. 135).
No livro, o autor sugere algumas maneiras e deixa uns questionários que nos ajudam a verificar nossa linguagem.
Você pode também fazer o teste através deste link: 5lovelanguages.com.
O ideal é que o casal faça o teste e descubra a linguagem que cada um possui.
Depois, conversem bastante sobre isso e façam a verificação do tanque emocional (a sugestão do autor é de fazer essa verificação três vezes na semana, por três semanas).
A brincadeira é mais ou menos assim:
- Um pergunta ao outro: como está o seu tanque do amor hoje
- O outro avalia de 0 a 10 — sendo 0 vazio e 10 cheio
- Então o cônjuge pergunta “como posso ajudar a enchê-lo?”
- A pessoa perguntada dá, então, uma sugestão
- Depois, invertem os papéis, repetindo o processo
O autor destaca que “a Verificação do Tanque pode ser uma maneira descontraída de estimular expressões de amor no seu casamento.” (p. 138).
O amor é uma escolha
Como já mencionado, o amor é uma escolha, exige esforço, dedicação, conversa, atenção aos detalhes.
Quando descobrimos a linguagem do amor do outro, podemos aprender a agradá-lo da forma como ele entende sua expressão de amor.
Mas, da mesma forma, devemos nos esforçar também para receber o amor da forma como a outra pessoa expressa. Isso é importante.
Ou seja, se o seu cônjuge tem como linguagem primária o toque físico, por exemplo, provavelmente ele vai expressar o amor dele dessa forma.
Se você aprende a receber o toque como uma expressão emocional de amor, mesmo que a sua linguagem seja palavras de afirmação, o processo se torna mais fácil, pois ambos estarão se dedicando na satisfação do anseio emocional do outro.
Por fim, espero que essas considerações possam te encorajar a reavaliar seu relacionamento amoroso e a investir nele, como um tesouro que Deus colocou em suas mãos.
“A recompensa por falar a linguagem do amor um do outro é uma sensação de conexão, que se traduz em melhor comunicação, maior compreensão e, em última análise, romance melhorado.”.
Esse livro é benção na vida de muitos casais, não deixe de ler.
Confira também nosso post “existe uma pessoa certa?”, e veja como esse mito gera relacionamentos frágeis.
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Sensacional! Que Deus nos ajude a ordenar e direcionar nossos amores!
São conceitos tão simples, mas tão poderosos quando entendidos e aplicados! Um relacionamento não precisa nem deve ser uma guerra de egos, e entender a linguagem de amor do parceiro faz tudo ficar mais leve 🙂 Obrigada, Gabrielle, por um texto tão completo e bem escrito!
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